Canto Sincopado | Alfredo Del-Penho

Música

EMENTA: O desenvolvimento do canto na Música Popular Brasileira, dos primeiros registros em disco no início do século XX às gravações mais recentes dos artistas contemporâneos, apresenta uma infinidade de caminhos nas proposições estéticas e interpretativas dos nossos cantores.

A diversidade nas interpretações, ornamentos, recursos e ajustes vocais mostram que o sentido do desenvolvimento do nosso canto popular não é unidirecional. O grande número de gêneros, tendências musicais e poéticas, apontam caminhos diversos. Justamente por isso, seria impossível indicar um caminho único ou um objetivo estético direto ou uma “fórmula” para o canto popular brasileiro.

O canto dos nossos interpretes populares tem a identidade e a liberdade como marcas e dialogam tanto com elementos convencionais das escolas tradicionais ou mais difundidas, quanto exploram ruídos, variações timbrísticas, onomatopeias, articulações e inflexões comuns à fala, a favor do sentido que se quer dar a música, seja ele na relação com o ritmo, melodia, ou com a palavra.

A síncope é uma característica fundamental da nossa música e talvez possamos simplificar o conceito em “deslocar o tempo forte ou fraco para onde não se espera”. Muitos intérpretes apontaram caminhos, e sobre o canto sincopado, a herança de grandes como Carmen Miranda, Linda Batista, João Gilberto, João Nogueira mostra que há muito que se ouvir, experimentar, repetir, propor e cantar.

O objetivo desta oficina é explorar as possibilidades de sincopação a partir de um expandido para as canções. Exercitaremos isso primeiro a partir da escuta, expandindo o conceito de síncope e contrametricidade para outros parâmetros além de “onde incide o ataque de uma sílaba”.

Identificaremos componentes sincopantes como possíveis deslocamentos da melodia em relação à trama rítmica, duração das notas, variações de timbre, das cores das vogais, intensidade das consoantes, variações em altura de nota, supressão de notas, supressão de sílabas, acentuação de sílabas, escolha de palavras tônicas, ornamentos na nota (trinado, glissando, vibrato), relações microrrítmicas e uso de diferentes ressonâncias.

Depois de investigar a relação de contraste gerada pela experimentação das variações dos parâmetros citados, buscaremos nas músicas trabalhadas as possibilidades de sincopação.  Uma série de exercícios coletivos e individuais relacionando voz e movimento guiam os participantes por esse caminho de escuta e experimentação no canto sincopado.

Em resumo, como encontrar diferentes balanços na música, como experimentar novas possibilidades? É o que trabalharemos na oficina.

PRÉ-REQUISITOS: A oficina é aberta a cantores e cantoras, instrumentistas e amantes da música popular brasileira, sem requisito prévio.

Os participantes deverão trazer duas músicas que já cantem de cor e aprender as músicas (essas podem ser cantadas lendo) Pra Que Discutir Com Madame de Janet de Almeida e Haroldo Barbosa e Feitiço da Vila de Noel Rosa (os links estão abaixo). As músicas escolhidas pelos participantes devem ser enviadas até dois dias antes do início do curso para o e-mail: secretaria.oficinademusica@icac.org.br

https://www.youtube.com/watch?v=J12VW7eFJIE

https://www.youtube.com/watch?v=Ko0AzRoNYUY&t=2s